20 de nov. de 2009

Em defesa das terapias complementares



O clínico-geral americano Moshe Frenkel, 55 anos, que integra o time do MD Anderson Cancer Center, um dos mais renomados centros oncológicos do mundo, conta por que defende e pesquisa o uso desses métodos para apaziguar as dores provocadas por um tumor, tanto as físicas quanto as da alma

por Kátia Stringueto
design Letícia Raposo
ilustração Rubens LP



Em junho passado, o Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, trouxe dos Estados Unidos o médico Moshe Frenkel para uma palestra sobre câncer.
Mas o assunto não teve o viés cartesiano que se espera ouvir de um cientista.
Frenkel transita em outra zona, a que se passa entre a mente e o coração do paciente.
Diretor do Programa de Medicina Integrativa do MD Anderson Cancer Center, reputado centro médico localizado em Houston, no Texas, esse clínico-geral que se especializou em cuidados paliativos oncológicos entende que é possível oferecer bem-estar a quem tem a doença mesmo na ausência de uma cura.
E busca todos os métodos para isso.
Não à toa, o MD Anderson se tornou expoente na combinação do que há de melhor no tratamento convencional do câncer com as técnicas que abrandam as dores e temores impossíveis de tratar com quimioterapia.
Foi para falar disso que Frenkel concedeu a seguinte entrevista.

Como a medicina integrativa é encarada hoje nos Estados Unidos?
Quando falamos em medicina integrativa, nos referimos a uma nova abordagem.
São propostas de prevenção e de bem-estar que atendem às necessidades físicas, mentais e espirituais do paciente e envolvem o uso de ervas, acupuntura, massagem, yoga, meditação, gi gong (método oriental que mescla exercícios de postura e respiração) e outras técnicas de relaxamento.
Nos Estados Unidos, isso é muito popular.
A cada dois ou três meses, um dos principais jornais divulga uma notícia a respeito de um estudo que envolve essa corrente da medicina.

Um dos motivos de o MD Anderson levar essas pesquisas a sério é que a maioria dos seus pacientes se vale delas, certo?
Sim.
Procuramos identificar o que funciona e o que não funciona.
Além disso, queríamos saber por que os pacientes procuram essas terapias.

E o que descobriram?
As pessoas querem algo a mais para poder sobreviver, sentir alívio e um pouco de autonomia.
Certa vez atendi uma mulher de 65 anos, vegetariana, praticante de ioga e meditação e que estava em choque por descobrir que tinha câncer de ovário.
Ela passava horas em frente ao computador pesquisando a doença e já tomava 30 suplementos.
Quando me procurou, queria saber:
“O que mais posso fazer por conta própria para erradicar esse mal, para tirar essa doença do meu corpo?” Comecei dizendo que a expressão lutar contra o câncer poderia ser substituída por nutrir-se para ficar forte. Nutrir o corpo, a mente e a alma.
Revimos a alimentação dela.
Reduzimos os suplementos para cinco e ela continuou fazendo atividade física.

Estamos próximos de uma verdadeira medicina com resultados positivos tanto para o corpo quanto para a mente? 
Nesse ponto, o que temos a aprender com o Oriente?
As pessoas ficam sujeitas a uma dose brutal de estresse quando se deparam com o câncer e isso afeta as células do sistema imune, os vasos sanguíneos e o suprimento do tumor.
Infelizmente, não temos uma pílula antiestresse.
Mas podemos sugerir maneiras de lidar com essa circunstância, como a meditação, o relaxamento, a acupuntura e a yoga.
Em relação ao Oriente, não sei se esse tipo de medicina é mais eficaz lá.
Só sei que eles dão outra dimensão ao tratamento, sem separar o racional do emocional.

copiado de : http://saude.abril.com.br/edicoes/0314/bem_estar/conteudo_491594.shtml

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